Dr. Diego Rocha - Cirurgião de Cabeça e Pescoço e Cirurgia Buco-Maxilo-Facia
O que é câncer de tireoide?

O câncer de tireoide é um tumor maligno que ocorre na glândula tireoide. É responsável por 1% dos cânceres do todo corpo. É o mais comum da região da cabeça e pescoço e 3 vezes mais comum na mulher que no homem sendo o 5º mais comum em mulheres. Dois a cada três casos ocorrem em pessoas entre 20 a 55 anos. Segundo o INCA (Instituto Nacional do Cancer), são esperados aproximadamente 13.800 novos casos de câncer de tireoide por ano, sendo 1.830 em homens e 11.950 em mulheres.
Nas mulheres os nódulos (benignos e malignos) ocorrem com frequência bem maior que nos homens, porém, um nódulo quando aparece no homem há mais chances de ser maligno.
O câncer pode se desenvolver a partir de um nódulo benigno da tireoide ou mesmo já surgir como câncer, mas em 95% dos casos, esses nódulos são benignos.
De uma forma geral o câncer de tireoide não aumenta a produção de hormônio da tireoide (T3 e T4), não alterando a função normal da tiroide, porém, em aproximadamente 5% dos casos, o tumor pode estar produzindo hormônio causando o hipertireoidismo.
Quais são as causas do câncer de tireoide?
O câncer de tireoide ainda não tem uma causa definida, porém, estudos avançados já colocam as alterações do DNA como um fonte da formação desses cânceres. Já se sabe que mutações do DNA, principalmente dos genes RET e BRAF estão fortemente relacionados aos tumores malignos (câncer) da tireoide.
Quais os fatores de risco?
- Sexo feminino
- Exposição à radiação
- Herança genética
- História familiar de câncer de tireoide
- Idade maior que 40 anos
Como prevenir o câncer de tireoide?
- Cirurgia precoce: em casos de herança familiar de mutações
- Proteção contra radiação: protetor de chumbo no pescoço para realizar RX ou TC
- Usina nuclear: moradores de um raio de até 16 km de usinas nucleares devem conhecer os protocolos de contingência em caso de acidentes com radiação.
Quais são os tipos de câncer de tireoide?
O câncer da tireoide é baseado nos tipos de células onde se origina o tumor maligno (câncer) e pode ser divido em dois grupos: câncer diferenciado e câncer pouco diferenciado,
- Carcinoma papilífero: de origem na células folicular, é o tipo mais comum, correspondendo de 80-90% dos casos, e também o mais brando de todos e de crescimento muito lento. Acomete pessoas de 30-50 anos. Pode dar metástase (se espalhar) para os linfonodos do pescoço. Quando feito do diagnóstico precoce a cura pode ser de 100%.
- Carcinoma folicular: também se origina na célula folicular, porém é menos comum que o papilífero, responsável por menos de 5% dos casos. Raramente dá metástase para linfonodos no pescoço, sendo mais comum se espalhar para pulmão e ossos. Apesar de mais agressivo que o papilífero, este tipo de câncer também tem tratamento favorável com altas chances de cura.
- Carcinoma medular: tem origem nas células parafoliculares (células C). Ocorre em menos de 5% dos casos. Ele pode ser esporádico (quando não tem relação com herança familiar) ou familiar (quando se herda a mutação dos genes causadores do câncer), sendo este responsável por 20% dos casos.
- Carcinoma anaplásico: presente em apenas 1% é o câncer mais agressivo da tireoide e provavelmente um dos mais agressivos do corpo humano. Possui em rápido crescimento dificultando a respiração.
- Outros: há outros tipos de câncer ainda mais raros que podem ocorrer na glândula tireoide, como linfoma e sarcoma.
Sintomas do câncer de tireoide
A maioria dos cânceres de tireoide não apresentam quaisquer alterações. Mas algumas pessoas podem ter dúvidas, por isso, você deve procurar um Cirurgião de Cabeça e Pescoço se apresentar algum dos sinais ou sintomas abaixo:
- Nódulo (caroço) no pescoço
- Disfonia (rouquidão ou qualquer outra alteração da voz)
- Disfagia (engasgos ou dificuldade em engolir)
- Dor na garganta e pescoço que pode irradiar para o ouvido
- Sensação de corpo estranho na garganta
- Presença de linfonodos (ínguas) no pescoço
Auto exame de tireoide
- Na frente de um espelho procure no pescoço o pomo de Adão (gogó)
- Aproximadamente 2 cm abaixo está localizada a tireoide
- Palpe essa região com os dois dedos indicadores de cada lado em busca de caroços/nódulos ou assimetrias/deformidades
- Com a cabeça estendida para trás beba um gole de água. Ao engolir é importante observar se há elevação ou saliência na região. Caso seja necessário, realize o teste mais de uma vez.
Diagnóstico de câncer de tireoide
O diagnóstico do câncer de tireoide envolve basicamente duas etapas, que é o exame físico e a análise dos exames complementares.
- Exame físico: realizado pelo Cirurgião de Cabeça e Pescoço
- Exames de sangue: o exame de sangue da tireoide (T4 Livre, TSH) não ajudam a diagnosticar o câncer mas tem importância na determinação da função da tireoide. A tireoglobulina e calcitonina serão muito úteis no seguimento pós operatório do câncer de tireoide.
- Ultrassonografia (USG): é o exame principal e o mais sensível para avaliar a tireoide, podendo sugerir um câncer em nódulos suspeitos em até 35% dos casos.
- Cintilografia: tem baixa sensibilidade no diagnóstico de câncer de tireoide, mas auxilia na determinação se esse nódulo é ou não produtor de hormônio.
- Outras métodos de imagens: Tomografia e ressonância podem ser utilizadas como métodos auxiliares.
- Teste genético: métodos auxiliar que ajuda na determinação do câncer em nódulos com biópsia indeterminada ou no rastreio de mutações de origem familiar.
- PAAF (punção por agulha fina): nada mais é que uma biópsia realizada por punção. Nesta punção, células são enviadas para análise podendo sugerir fortemente o diagnóstico através da classificação de Bethesda.
- Citopatolgia: quando a biópsia da PAAF é enviado para o exame citopatológico, médico o patologista o classifica de 1 a 6 acordo de com Bethesda.
- Congelação: é uma biópsia preliminar realizada durante a cirurgia.
- Histopatologia: realizado após a cirurgia pelo médico patologista esse exame fecha o diagnóstico do nódulo da tireoide, podendo ser maligno (câncer) ou benigno.
Tratamento para câncer de tireoide
O tratamento do câncer de tireoide pode variar de acordo com o a classificação e o estágio da doença.
- Cirurgia: é a principal modalidade no tratamento. Na cirurgia podemos realizar a tireoidectomia (remoção/retirada total da tireoide), lobectomia (retirada apenas do lado que se encontra o nódulo maligno em casos muito selecionados) e o esvaziamento cervical, que é retirada de metástases nos linfonodos do pescoço.
- Terapia hormonal: após a retirada da tireoide o corpo não terá mais como produzir o hormônio T4, então este deverá ser tomado em forma de comprimido (Levotiroxina). O uso da levotiroxina também tem indicação de suprimir eventuais células de tireoide que possam ter ficado na cirugia, diminuindo assim o risco de recorrência do câncer.
- Iodo radioativo (iodoterapia/radioiodoterapia): consiste na tomada de iodo radioativo, que tem a função de destruir quaisquer pedaços microscópicos da tireoide, como células remanescentes ou em casos onde foi diagnosticados recorrência da doença.
- Radioterapia: aplicada apenas em casos selecionados, como carcinoma medular e carcinoma anaplásico ou quando a cirurgia não é uma opção, quando o tumor continua crescendo após a iodoterapia
- Quimioterapia: indicado apenas em casos para tentar conter a progressão da doença principalmente em carcinoma anaplásico ou combinado com a radioterapia.
- Terapia alvo: usado em casos excepcionais, com auxílio do perfil genético do câncer, remédios para terapia alvo auxiliam em casos avançados.
- Radioablação: indicado para nódulos benignos pequenos ainda não tem seu uso comprovado para o câncer de tiroide
- Cuidados paliativos: tratamento com a função de promover suporte e controle dos sintomas da doença, geralmente é indicado para casos sem possibilidade de cura. Aqui o obejtivo é prover ao paciente carinho, conforto e dignidade.
Recorrência (recidiva)
Um dos desafios no tratamento do câncer é a sua possibilidade de o tumor voltar:
- Células aderidas no pescoço: algumas vezes células, invisíveis ao olho nu, podem ficar no pescoço após a cirurgia
- Linfonodos do pescoço: a tireoide pode dar metástase em linfonodos no pescoço, muitas vezes necessitando de cirurgia par removê-los
- Metástases à distância: metástase em outras áreas, como pulmão e ossos, precisam ser avaliadas com muito cuidado pela equipe (Oncologista e Cirurgião de Cabeça e Pescoço e outros médicos especialistas relacionados ao órgão acometido) para determinar o melhor tratamento.
Fontes:
INCA – Instituto Nacional do Câncer
Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço